sábado, 3 de março de 2012

OS ESTADOS UNIDOS NO SÉCULO XIX

"A marcha para o Oeste"

A conquista do Oeste, realizada pelos pioneiros, agravou a rivalidade política e econômica entre o Norte burguês-capitalista e o Sul agrário-escravocrata, desencadeando a Guerra de Secessão. Após a guerra civil, seguiu-se a fase de reconstrução do país, em que os Estados Unidos se transformaram na primeira potência mundial, cuja política exterior se baseava no isolacionismo em relação à Europa e no intervencionismo na América Latina. (HUBERMAN. Leo. Nós, o povo: a epopeia norte-americana. São Paulo: Brasiliense, 1966. p. 149)

Como podemos verificar no texto acima, havia diversas diferenças entre os nortistas e sulistas dos Estados Unidos, iniciando pela divergência política (autonomia dos estados X centralização do poder), passando pela econômica (norte industrial X sul agrícola exportador) e chegando à questão escravocrata.

O Impacto na História traz uma análise detalhada acerca desse evento histórico que marcou a formação de um país forte e centralizador das atenções do mundo inteiro. Vamos diluir muitas perguntas que surgiram durante o domínio dos EUA sobre a América.

Venham conosco e aproveitem esse momento de aprendizado que é MAGNIFÍCO! 

1. A CONQUISTA DO OESTE

Durante o processo de formação dos Estados Unidos, podemos analisar o surgimento das 13 colônias britânicas na Costa Leste da América do Norte, a Guerra de Independência (1776-1783) contra a Grã-Bretanha e a organização política do novo país por meio da Constituição de 1787, que trouxe a adoção de um país Republicano Federalista Presidencialista - mesclando os ideais de republicanos e federalistas.

Inicialmente com uma população de 3 milhões e meio de habitantes, devido à grande leva de imigrantes europeus que chegavam, após a expansão territorial para o Oeste passou para 7 milhões no início do século XIX. 

Esse aumento na sua demografia tornou-se um dos principais fatores do avanço para o Oeste, aliado a necessidade de aumentar a produção de alimentos, com a incorporação de novas terras de plantio, de pastagem para criação de gado e da procura de metais preciosos, especificamente o ouro.

Os primeiros a avançar "rumo ao Oeste selvagem" foram os imigrantes europeus, que se viam sem a mínima condição de vida na costa Leste do país. Tomavam seus cavalos, suas carroças ou navegavam em barcos pelos rios rumo ao "Far West" - Oeste distante, dizimando os indígenas (Sioux, Cheyennes que encontravam pelo caminho, conquistando suas terras - desenvolvendo a agricultura, a pecuária e a mineração -  e povoando o interior. 

MASSACRE DE SAND CREEK
ÍNDIOS OHLONES
TOURO SENTADO (Índio Sioux) e WILLIAM CODY (Buffalo Bill) 

A marcha para o Oeste ocorreu de forma justificada pela Doutrina do Destino Manifesto, segundo a qual estabelecia uma predestinação divina aos norte-americanos para que pudessem conquistar os territórios situados entre o Atlântico e o Pacífico. 

DESTINO MANIFESTO - Columbia guiando os desbravadores do Oeste

Os territórios incorporados pelos EUA ao longo de sua expansão territorial rumo ao Oeste foram adquiridos pela compra, por acordos diplomáticos ou pelas guerras de conquista. 



2. CONSEQUÊNCIAS DA MARCHA PARA O OESTE

Analisemos algumas consequências da expansão territorial rumo ao "Velho Oeste" na evolução histórica dos Estados Unidos durante o século XIX:


A) Crescimento Demográfico


    - Entre 1820 e 1860 a população passou de 9 milhões para 30 milhões de habitantes, devido a grande quantidade de imigrantes que chegavam em busca de terras disponíveis no país.


B) Massacre Indígena


    - O desbravamento e a ocupação dos novos territórios pelo homem branco tiveram como contrapartida o massacre sistemático de índios ou o seu confinamento em terras inóspitas, transformadas depois em reservas.

C) Desenvolvimento Econômico

    - A expansão territorial e o crescimento populacional levaram ao desenvolvimento do mercado norte-americano, que, aliado à disponibilidade de mão-de-obra, contribuiu para impulsionar o desenvolvimento econômico do país, expandindo a indústria, o comércio, a agricultura, a pecuária e a mineração.

D) Transformações Sociais

    - Ao norte e a leste do país tivemos o desenvolvimento de classes de burgueses industriais e comerciais, assim como uma classe operária numerosa e organizada. No centro e a oeste existiam desbravadores que se dedicaram à agricultura e à pecuária. No sul consolidaram-se os aristocratas rurais, cujo poder se apoiava na grande propriedade agrária, na monocultura de exportação e no trabalho escravo.

Cidade do norte dos EUA - Séc. XIX


Carolina do Sul - Séc. XIX

3. GUERRA DE SECESSÃO


Após a conquista do Oeste, ocorreu no território norte-americano, entre 1861 e 1865, uma guerra civil, conhecida como Guerra de Secessão, consequência do antagonismo que envolveu os estados no Norte (União) e os estados do Sul (Confederados)










DIVISÃO NA GUERRA DE SECESSÃO

As origens da Guerra de Secessão remontam do processo de colonização ocorrido na formação das 13 colônias inglesas da América do Norte. Vejam as diferenças:

DIFERENÇAS ENTRE NORTISTAS E SULISTAS
A causa imediata do conflito civil, entretanto, foi a vitória de Abraham Lincoln, candidato do Partido Republicano e representante dos industriais nortistas, nas eleições de 1860. A aristocracia sulista reagiu duramente à eleição de Lincoln e, em 1861, 11 estados escravistas do Sul separaram-se do governo da União e fundaram os Estados Confederados da América (visto na divisão durante o conflito), tendo como presidente Jefferson Davis e a capital em Richmond, na Virgínia, e o general Robert Lee nomeado como comandante das tropas confederadas.


PRESIDENTE ABRAHAM LINCOLN


MAPA DA DIVISÃO ENTRE OS ESTADOS NORTE-AMERICANOS

A Guerra Civil teve com batalha maior e decisiva a ocorrida em 1863, em Gettysburg, sendo vencida pelos nortistas, comandados pelo general Grant. Nesse mesmo ano, Lincoln acabou com a escravidão em todo o país, mas a guerra só veio ser finalizada em 1865, com a rendição das tropas confederadas em Appomatox. 

Lincoln acabou sendo assassinado 5 dias após a vitória definitiva, em um teatro por John Wilkes Booth, fanático sulista.

Ficheiro:The Assassination of President Lincoln - Currier and Ives 2.png
ASSASSINATO DE LINCOLN - 14 de Abril de 1865

A imagem de Lincoln é extremamente respeitada nos Estados Unidos, sendo um dos presidentes mais lembrados e homenageados do país. Tanto é verdade que a indústria do cinema constantemente busca aliar suas ideias à imagem do grande presidente que deu origem ao país potência que dominou o século XIX na América e continuou após seu governo. A última aparição desse personagem histórico norte-americano está ocorrendo no filme "Abraham Lincoln - Caçador de Vampiros", obra que trará o presidente republicano com um herói ainda maior, agora enfrentando poderosos vampiros durante a guerra de secessão. Veja o trailer abaixo:







Muitos questionam se Lincoln queria mesmo a abolição dos escravos, pois em frase dita por ele, mencionou que se o conflito fosse somente devido à questão escravocrata ele deixaria o país da mesma forma que estava. Mesmo assim buscou abolir a escravidão através da Décima Terceira Emenda à Constituição norte-americana, proibindo a escravidão em todo o país.

Embora feita tal determinação, sabemos que pouco houve de mudança para os negros libertos nos EUA, pois os 4,5 milhões de negros que estavam livres sofreram com a segregação social e política que posteriormente motivaria seguidas lutas e radicalismos pelo resto do século XIX, surgindo nesse período grupos perseguidores como o sulista e racista grupo da Ku-klux-klan ( Kuklux: círculo; Klan: clã), que negava a integração social dos negros nos Estados Unidos. 



RITUAL DE INICIAÇÃO - KU KLUX KLAN

Com a Décima Quinta Emenda à Constituição, houve a proibição da discriminação dos eleitores por motivos raciais. Isso não impediu que o eleitorado negro no Sul do país permanecesse afastado das urnas, devido à ação da Ku-klux-klan e pressão dos grandes fazendeiros da região. 

Posteriormente líderes políticos e sociais começaram a lutar pelos direitos dos negros, a exemplo de Marthin Luther King e de Malcom X. Os dois acabaram sendo assassinados por terem se engajado na luta pelos direitos iguais entre todos. A famosa frase de Luther King em seu discurso: "I have DREAM" marcou o momento de mudança para os negros norte-americanos. Hoje temo um EUA presidido por um negro, Barack Obama, o que antes para muitos norte-americanos jamais aconteceria e se tornaria realidade.

BARACK OBAMA - 44° PRESIDENTE DOS EUA

4. A VOCAÇÃO IMPERIAL

Em 1823, quando os EUA davam os primeiros passos para a sua expansão continental, o presidente James Monroe fez uma declaração ao congresso que se tornaria conhecida como a Doutrina Monroe. Nela seria definida a posição do país diante das nações latino-americanas recém-independentes e das antigas potências coloniais europeias.

Após o fim da Guerra Civil, muitos políticos achavam que era mais que permitido aos EUA construírem seu próprio império. Inicialmente veio a compra do Alasca aos russo, em 1867, passo muito importante na caminhada rumo ao imperialismo. 

Logo depois veio a derrubada da monarquia no Havaí e o estabelecimento de uma República dominada por plantadores e comerciantes norte-americanos. Em 1898, o mesmo Havaí foi anexado aos Estados Unidos.

Dessa forma, era nítida a vontade dos EUA em relação aos países da América-Latina. 

No fim do séc. XIX, havia uma divergência entre EUA e Espanha, reino que possuía colônias na América Central - Cuba e Porto Rico. As duas colônias receberam apoio dos norte-americanos, o que de fato acabou facilitando a conquista do objetivo principal, o da liberdade.

Os Estados Unidos ocuparam as ilhas de Guam e de Porto Rico, e junto aos cubanos conseguiu com a Emenda Platt o domínio sobre o território na Baía de Guantánamo e a possibilidade de intervir nos assuntos internos da nova República. Mesmo com a emenda sendo revogada em 1934, até hoje Guantánamo permanece em poder dos EUA, cuja base militar foi objeto de diversas denúncias de tortura aos seus presos terroristas, como assim são chamados. 


Ficheiro:Camp Delta, Guantanamo Bay, Cuba.jpg
BASE MILITAR DOS EUA EM GUANTÁNAMO - CUBA 

Além das intervenções citadas anteriormente, temos ainda outras que ocorreram durante o século XX. Os EUA auxiliaram na independência do Panamá da Colômbia, o que gerou um enorme poder aos norte-americanos - o domínio sobre o Canal do Panamá. Este foi devolvido aos panamenhos somente em 1990, através de um acordo, e hoje é administrado por uma empresa de Hong Kong. 

Em 1904, o presidente Theodore Roosevelt elaborou uma teoria ou como ele chamava "um corolário", ou seja, uma interpretação da Doutrina Monroe, adequando-a aos interesses da política exterior do país naquele período. Se a doutrina Monroe impedia os europeus de invadirem o "Novo Mundo" na América, o Corolário Roosevelt afirmava o direito dos norte-americanos de intervir nos negócios dos países latino-americanos. Roosevelt naquele momento inaugurava a "Política do Big Stick (Grande Porrete)". Para ele deveria se falar "manso", mas sempre com um porrete na mão. 

ALUSÃO ATUAL À POLÍTICA DO BIG STICK DE ROOSEVELT

POLÍTICA DO BIG STICK

As inúmeras práticas intervencionistas criadas e elaboradas pelos Estados Unidos consolidaram o pleno domínio de Washington sobre os territórios da América Latina, dabaixo de uma aparência bondosa e cordial entre amigos. A América Latina não tardaria a sentir os efeitos dessas alterações da política externa dos Estados Unidos, inserido posteriormente na Segunda Guerra e Guerra Fria.



INDICAÇÕES


FILMES: 


- ...E o vento levou. Situações do cotidiano anterior à Guerra de Secessão.

Scarlett O´ Hara e Rhett Butler - Personagens

- Dança com Lobos. Oficial do exército norte-americano acaba caindo em mãos indígenas durante a guerra civil e acaba aprendendo sua cultura e respeitando os nativos e a natureza. Mostra a expansão para o Oeste do ponto de vista dos indígenas.

Kevin Costner - DANÇA COM LOBOS


- GANGUES DE NOVA YORK. Em plena guerra civil o jovem Amsterdã busca vingar a morte de seu pai, que era líder de uma guangue. Com essa batalha na cidade ocorre a divisão entre bairros de americanos e imigrantes. Mostra o conflito entre protestantes e católicos. 

GUANGUES DE NOVA YORK

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