sábado, 3 de abril de 2010

ANTIGUIDADE CLÁSSICA - GRÉCIA

As cidades gregas

 O Período Arcaico da história grega ( séculos VIII VI a. C.) caracterizou-se pela formação e desenvolvimento das cidades-Estado. Formaram-se aproximadamente 160 cidades em território grego e, a princípio a característica mais marcante foi a soberania de cada uma delas. A cidade soberana é aquela que possui seu próprio governo, leis e não possui nenhuma estrutura política acima dela. A cidade funciona como se fosse um pequeno país. Tratar da Grécia Antiga neste período significa portanto conhecer o desenvolvimento das cidades.


Não havia na Antigüidade um Estado Grego ou um governo grego, mas apesar disso podermos nos referir a uma cultura, religião ou a um povo grego; grande parte das cidades formaram-se com elementos étnicos semelhantes: Jônios, Aqueus e Eólios além disso formaram-se dentro de um mesmo contexto histórico, quando da crise da sistema gentílico e tiveram um desenvolvimento semelhante

A religião politeísta "mitológica" e os Jogos Olímpicos também foram um fator de união entre gregos.

Esparta

No final do século VI a.C., depois da conquista da Messênia, o Estado espartano completou sua organização, transformando-se em verdadeiro "acampamento militar". As Instituições sócio-políticas espartanas foram atribuídas a um legislador lendário, Licurgo, que teria recebido as instruções do deus Apolo. Várias das instituições atribuídas a Licurgo já existiam desde há muito, mas adaptaram-se aos novos tempos, servindo para manter o corpo de cidadãos como uma minoria dominante, que se sobrepunha e explorava uma população camponesa numerosa.

Havia em Esparta três camadas sociais bem diferenciadas, que viviam em territórrios separados e cuja origem ainda é bastante discutida. Os espartanos ou esparcíatas eram a classe dominante, formada provavelmente pelas famílias dos conquistadores dórios. Estavam proibidos de se dedicarem à agricultura, ao comércio ou a qualquer outra atividade que não fosse a política e a guerra: eram verdadeiros soldados profissionais. Embora cada família espartana possuísse hereditariamente um lote de terra, o kleros, cultivado por servos, os hilotas, era o Estado que administrava a produção econômica. Por essa razão convencionou-se chamar o regime econômico de Esparta de hilotismo, para acentuar as diferenças entre o escravismo praticado na quase totalidade do mundo grego e a escravidão pública que caracterizou o regime espartano. Tanto as terras quanto os hilotas pertenciam ao Estado: o cidadão espartano não podia vender, nem ceder, nem legar por herança o kleros, a não ser ao filho mais velho, assim como não podia vender os hilotas. A princípio havia igualdade entre os espartanos quanto à posse da riqueza, mas, aos poucos, os homoi (iguais), mais ricos e poderosos, foram se distinguindo dos hipomeiônios (menos ricos). Apenas os espartanos possuíam direitos políticos, e, como já dissemos, formavam uma minoria - a quinta parte da população.

A segunda camada social era formada pelos periecos (os da periferia, composta por populações livres, porém sem direitos políticos, embora lhes coubesse administrar as comunidades, fora da cidade de Esparta; onde viviam. Por muito tempo foram considerados prováveis descendentes dos aqueus que se haviam submetido, sem oporem grande resistência aos conquistadores; hoje, admite-se que também famílias dóricas, juntamente com famílias aqueanas, integrassem a camada dos periecos. Eram camponeses, comerciantes e artesãos, podendo possuir terras e bens móveis; gozavam de certa autonomia, vigiada ; por funcionários espartanos, os Harmostes, e eram obrigados a pagar tributos. 0 casamento entre espartanos e periecos era proibido. Serviam no exército em unidades à parte, pois o serviço militar lhes era obrigatório.

A última camada social era composta pelas populações dominadas e reduzidas à escravidão pública: os hilotas. Eram a massa da população trabalhadora, que habitava nas terras que o Estado havia conquistado. "Cada kleros era cultivado por várias famílias de hilotas que com seu trabalho sustentavam o proprietário e sua família. O que distinguia, em primeiro lugar, os hilotas dos escravos de outros Estados gregos é que eles eram propriedade do Estado, escravos públicos, como os chamam os autores antigos; além disso, ainda que estivessem ligados ao principal meio de produção - a terra - guardavam certa autonomia econômica que os assemelha aos servos. Cultivavam a terra do proprietário espartano com suas ferramentas e pagavam uma renda anual fixa (apófora) in natura : trigo, vinho, queijo, azeite. Como essa renda constituía cerca de metade do rendimento do solo, o resto era suficiente apenas para sustentar algumas famílias hilotas, sem falar nas carências devido às más colheitas. Contrariamente aos escravos de outros Estados, os hilotas iam muitas vezes à guerra, como escolta, carregadores, criados. Sua vida era tão dura que o poeta espartano, Tirteu (século VII a. C.) os compara a "asnos sobrecarregados" (DIAKOV, ,V. e KOVALEV, S.,op. cit., págs. 338 e 339.). Suas revoltas eram freqüentes, ó que colocava os dominadores espartanos sob constante ameaça. Para prevenir essas revoltas, os espartanos exerciam, anualmente, matanças de hilotas nas aldeias; realizadas por jovens espartanos, as críptias constituíam também uma das etapas da educação dos futuros cidadãos.

Na verdade, toda a sociedade e a educação espartanas estavam voltadas para a guerra. "Espero que meu filho volte com seu escudo ou deitado sobre ele", é uma das frases atribuídas às mães espartanas e que caracteriza, de modo exemplar, os costumes belicosos

daquela sociedade. Nesse tipo de organização social, o exército tinha importância fundamental. Era sobre ele que assentava a ordem interna e a defesa, externa.

(Texto extraído de História das sociedades; Denise, Aquino, Oscar. Ed. Ao Livro Técnico)

Atenas

Atenas foi fundada na região da Ática, próxima ao litoral, no século VIII a.C. em torno de uma colina fortificada, onde encontrava-se o Palácio do rei (Basileu) e o templo, constituindo a Acrópole.

A sociedade ateniense dividia-se em três classes sociais, sendo que os eupátridas formavam a aristocracia rural, dona das melhores terras que, diferente de Esparta, eram consideradas propriedade individual, e que monopolizavam o poder político, tanto no período monárquico, como durante o arcontado, forma aristocrática de governo composta por nove arcontes, quando mantiveram a grande maioria da população marginalizada das discussões políticas.

Os georgóis formavam uma segunda camada social, composta a princípio por pequenos proprietários rurais, que trabalhavam com seus familiares e produziam para a subsistência. Muitos desses homens foram reduzidos à condição de servos e de escravos, juntamente com mulher e filhos e podiam inclusive serem vendidos ao estrangeiro.

Os demiurgos formavam a terceira camada social, eram artesãos e viviam do próprio trabalho, porém normalmente em uma situação de pobreza. Havia ainda os metecos, estrangeiros, normalmente comerciantes e sem direitos políticos.Os thetas formavam a camada inferior, eram trabalhadores braçais, camponeses, marginalizados econômica e politicamente. A produção de excedente, fez com que a situação dessa camada se deteriorasse, pois em Atenas desenvolveu-se a escravidão por dívida.

A concentração fundiária, a cunhagem de moeda e a colonização do Egeu, e a marginalização de georgóis e thetas foram os fatores responsáveis pelo acirramento da luta de classes, processo que determinou a criação da democracia na cidade. A passagem do arcontado para a democracia foi fruto portanto da luta contra os privilégios da minoria eupátrida, sendo que esse processo completou-se cerca de um século depois.

Os confrontos políticos possibilitaram o surgimento de líderes que tentaram golpes como forma de ascensão política. Como essas lutas ameaçavam não só o poder político dos eupátridas, mas inclusive a propriedade, a aristocracia foi forçada a ceder às exigências de concessão de leis escritas, nomeando o arconte Drácon para redigir um código de leis. Essas reformas porém mantiveram a escravidão por dívida e os privilégios da elite, fatos que determinaram a continuidade dos confrontos, até a eleição de Sólon para o arcontado. As reformas promovidas por esse legislador foram maiores: abolição da escravidão por dívidas, a libertação de todos os devedores escravizados o favorecimento a produção artesanal e ao comércio e a instituição de uma nova forma de participação política, baseada na riqueza, denominada Timocracia.

Essas reformas desagradaram tanto a elite que perdeu privilégios, como os thetas que obtiveram poucas conquistas, acirrando ainda mais a luta de classes, favorecendo o advento da Tirania.

Tirano é o nome dado aos governantes que chegaram ao poder através de golpes e exercem um governo pessoal. Considera-se que a tirania acabou sendo responsável por abrir caminho para o surgimento da democracia, pois o tirano para poder manter o poder, teve que atrair as camadas populares, dando-lhes maior organização e consistência e ao mesmo tempo enfraqueceu a elite, perseguida, sendo que vários aristocratas tiveram propriedades confiscadas ou foram expulsos da cidade.

No entanto, a transição para a democracia não foi um processo natural. Os tiranos foram derrubados pela elite, que inclusive contou com o apoio de Esparta. No entanto a situação de Atenas caracterizava-se pela decadência: declínio da produção, marginalização dos thetas, conquista persa sobre as colônias da Ásia Menor e a presença dos espartanos em apoio a elite. Foi neste contexto que ocorreu uma grande revolta liderada por Clístenes, que instituiu a democracia na cidade.

As reformas de Clístenes tiveram como objetivo eliminar o controle da aristocracia sobre o poder político. A cidadania foi concedida a um número maior de indivíduos, porém ainda restrita a uma minoria: Homens, livres, maiores de18 anos, nascidos em Atenas e filhos de pais ateniense. Instituiu o Ostracismo, processo que permitia a expulsão de um cidadão da cidade por um período de dez anos, sendo que o nome de pessoas consideradas nocivas a cidade eram escritas em um pedaço de argila

A Democracia Ateniense era uma democracia escravista, o trabalho escravo continuava a ser a base da vida econômica e sua exploração tendeu a aumentar. 

Política Ateniense

  Após a vitória sobre os Persas, a democracia ateniense, fundada após as reformas dos legisladores: Drákon (621 a.C.), Sólon (594 a.C) e Clístenes (521 a.C.) foram finalmente consolidadas e fizeram de Atenas o “berço do regime democrático”. Desenvolveram-se e praticaram-se as principais formas representativas de poder político: a Assembléia popular reunida em praça pública, as eleições diretas, os Conselhos, as Magistraturas exercidas alternadamente por todos os cidadãos. Derivadas das experiências das polis (“cidade” em grego) surgiram não somente nossa palavra “política” como também as nossas práticas eleitorais, a escolha de representantes, o costume de consultar a todos os cidadãos nas questões mais importantes, a concepção de que existem decisões e poderes que são legítimos e outros ilegítimos, etc.

            A democracia ateniense estava, dessa maneira, no centro de todas as grandes realizações desse período. O poder era exercido por Conselhos e Magistrados eleitos anualmente, diretamente ou por sorteio. O poder mais alto sempre permanecia sendo a Assembléia popular, o poder direto que surgia das votações realizadas com o erguimento das mãos, logicamente destinado àqueles que tinham a habilidade e a oralidade bem desenvoltas, como no caso específico dos “Eupátridas” (Os bem nascidos) a classe dos aristocratas que tinham acesso ao conhecimento. Os “georgói” (pequenos proprietários) e também aos “Thetas” (artesãos e marginalizados) podiam participar das decisões mais muitas vezes eram manipulados, como afirma BENOIT:

“... grupos poderosos, defendendo seus interesses privados, utilizando todo tipo de corrupção, contratando oradores profissionais (discípulos de professores de retórica e de sofistas), manipulavam a escolha de cargos e mesmo a Assembléia popular. O povo, assim conduzido e enganado, apesar de decidir e votar, decidia e votava, muitas vezes, contra os seus próprios interesses reais. (BENOIT, 1996, p. 19).



Podemos perceber, portanto, que havia uma grande contradição no regime democrático dos atenienses. O poder não era exercido pelo povo como se refere em sua etimologia e sim para uma pequena porcentagem da população. Os considerados Cidadãos de Atenas eram aqueles que eram “legítimos”, ou seja, filhos de pais atenienses, maior de 18 anos de idade e do sexo masculino, cerca de 10% da população que vivia em Atenas na época de Sócrates, Platão e Aristóteles.

A grande maioria da população composta de Metecos (comerciantes estrangeiros), Mulheres e Escravos estavam absolutamente destituídos do poder político e da participação na Assembléia. E para se ter uma idéia, segundo análises de um historiador da Antiguidade:

“a população de Escravos em Atenas no período Clássico era de aproximadamente 300.000, cerca de 40% da população total.” (FINLEY, 1963, p. 73).



Portanto, pode-se dizer que, paradoxalmente, se a democracia ateniense inventou a liberdade, inventou também o modo-de-produção escravista clássico, que dominará através de toda a Antiguidade...



“O escravo criado por Atenas, e que é base do modo de produção escravista, é de outro tipo: é o chamado “escravo-mercadoria”, vendido e comprado num mercado internacional de escravos e que, desvinculado totalmente de sua terra de origem, de sua família e comunidade, tornava-se apenas, para usar a expressão celebre de Aristóteles, “uma coisa viva”, ou seja, um mero instrumento de trabalho, uma mera ferramenta de produção.” (BENOIT, 1996, p. 20)



            Essa contradição no regime democrático talvez nos explique o julgamento e execução de Sócrates em 399 a.C. que fora acusado de corromper a juventude ateniense e de introduzir o culto a novos deuses. Conforme relataram os seus contemporâneos (principalmente Platão), ao retirar-se do tribunal, ironicamente, disse aos seus juízes que o condenaram à amargura da cicuta (o veneno que tirou-lhe a vida):



                                                   “Chegou a hora de separar-me de vós e de irmos, eu a   

morrer e vós a viver. Quem leva a melhor parte? Vós ou eu?”(PLATÃO, col. Os Pensadores, p. 108-109).



            Logicamente que Sócrates levou a melhor parte quando pensamos na produção do pensamento filosófico e, mesmo sem escrever uma única obra, sua contribuição para o entendimento do Homem (como ser cognoscível) e seu relacionamento com a vida política, suas preocupações e a construção de sua Moralidade, representam para a posteridade a evolução do pensamento político e da Filosofia.

 

A Grécia Pré-Helênica

O Período Clássico da História Grega ( VI -- IV a. C.) é normalmente denominado "Período das Hegemonias", na prática foi o período em que desenvolveu-se o imperialismo das duas maiores cidades gregas; primeiro Atenas, depois Esparta.

A Ascenção de Atenas

Desde o século VII a. C. Atenas conheceu grande desenvolvimento econômico, ampliando suas relações comerciais a partir do Porto do Pireu, e a escravidão na produção agrícola. Como consequência a luta de classes tornou-se mais acirrada, forçando mudanças políticas, até a criação da democracia, que beneficiou as camadas populares, mas em especial os mercadores, pequenos proprietários e artesãos.

A manutenção da escravidão na cidade foi fundamental tanto para o desenvolvimento da economia, como para a consolidação da democracia, possibilitando uma situação política mais equilibrada, na medida em que as camadas populares tiveram algumas de suas reivindicações atendidas. Na estrutura política, a democracia criou uma nova arma: o ostracismo.

Outro fator fundamental para o desenvolvimento de Atenas foi sua liderança na guerra contra os persas, comandando a Confederação de Delos desde 478 a.C. Durante a Guerra foi se constituindo o imperialismo ateniense que, controlando as riquezas destinadas à guerra, aumentou a produção, gerou empregos, equilibrou a economia e impôs seu domínio à demais cidades gregas

O século de Péricles




Péricles governou Atenas durante trinta anos (461 -- 431 a.C.). Representava o Partido Popular e tornou-se ardoroso defensor da democracia escravista.

Durante seu governo instituiu a remuneração para os ocupantes de cargos públicos, assim como para marinheiros e soldados, realizou várias obras gerando empregos e estimulou o desenvolvimento intelectual e artístico, principalmente o teatro, marcado pelo antropocentrismo, característica fundamental da cultura grega, em suas tragédias ou comédias a preocupação era retratar a vida humana, buscando compreender tudo o que cercava o ser humano, na sua história e em seu cotidiano.

Todo o desenvolvimento da cidade estava baseado na exploração do trabalho escravo e no expansionismo sobre as demais cidades gregas, obrigando-as a manter a Confederação de Delos, mesmo após o final da guerra (448 a.C.), quando os persas já haviam sido derrotados.



A postura imperialista ateniense serviria ao ideal pan-henístico defendido por Péricles. Para o líder ateniense, as cidades deveriam se reunir em um congresso para tratar de assuntos comuns, como a reconstrução de templos ou o combate à pirataria. No entanto esse ideal não foi concretizado, pois as intensas lutas existentes serviram para reforçar a histórica separação das cidades, culminando com a Guerra do Peloponeso, envolvendo praticamente todas as cidades gregas, polarizadas entre Atenas e Esparta.


Período Helenístico

PERÍODO HELENÍSTICO
O Período helenístico normalmente é entendido como um momento de transição entre o esplendor da cultura grega e o desenvolvimento da cultura romana. Tal concepção está associada a uma visão eurocêntrica de cultura e portanto torna secundários os elementos de origem oriental, persa e egípcia, apesar de ter esses elementos como formadores da cultura helenística

Antecedentes

A Grécia viveu seu momento de maior esplendor cultural no século V a.C., particularmente a cidade de Atenas. Foi o Século de Ouro ou Século de Péricles. Época de apogeu da democracia, a cidade combinou guerra e desenvolvimento. Contraditoriamente esse século foi marcado por inúmeras guerras, que viram nascer e ruir o imperialismo de Atenas, Esparta e Tebas sucessivamente, esse último já no século IV a.C.
As constantes guerras que envolveram as cidades gregas foram responsáveis por grande mortalidade, gastos e destruição, enfraquecendo o "mundo grego" e conseqüentemente, facilitando as invasões estrangeiras. A conquista do território grego pelos macedônios combinou a decadência grega e a ascensão do Reino de Felipe II
A história não dá importância para o Reino da Macedônia. Formado a partir do século VIII a.C. ocupou principalmente as regiões de planícies ao norte da Grécia, vivendo principalmente da agricultura e pastoreio, uma vez que o controle ateniense das regiões costeiras forçou os governantes macedônios a se concentrarem na unificação dos planaltos e planícies da Macedônia, tarefa completada por Amintas III, que reinou de 389 a 369 a.C. os dez anos seguintes foram marcados por crises internas, com a rebelião da nobreza territorial contra o poder central.
Em 359 a.C., Filipe II sucedeu a Perdicas III no trono macedônio. Depois de restabelecer e até ampliar as fronteiras do país, consolidou-as mediante o estabelecimento de colônias e apoderou-se da região mineira de Pangeu, onde conseguiu o ouro necessário para cunhar sua própria moeda. Dessa maneira atraiu a nobreza e ao mesmo tempo organizou uma poderosa estrutura militar, responsável pela conquista dos territórios gregos, com a vitória na Batalha de Queronéia em 338 a.C. Felipe II foi assassinado no ano seguinte e o sucedeu seu filho, Alexandre III.


Aspectos da cultura helenística

Alexandria, no Egito, com 500.000 habitantes, tornou-se a metrópole da civilização helenística. Foi um importante centro das artes e das letras, e a própria literatura grega tem uma fase chamada "alexandrina". Lá existiram as mais importantes instituições culturais da civilização helenística: o Museu, espécie de universidade de sábios, dotado de jardim botânico, zoológico e observatório astronômico; e a biblioteca, com 200.000 volumes, salas de copistas e oficinas para preparo do papiro.
Do ponto de vista cultural, o período compreendido entre 280 e 160 a.C. foi excepcional. Tiveram grande desenvolvimento a história, com Políbio; a matemática e a física, com Euclides, Eratóstenes e Arquimedes; a astronomia, com Aristarco, Hiparco, Seleuco e Heráclides; a geografia, com Posidônio; a medicina, com Herófilo e Erasístrato; e a gramática, com Dionísio Trácio. Na literatura, surgiu um poeta extraordinário, Teócrito, cujas poesias idílicas e bucólicas exerceram grande influência. O pensamento filosófico evoluiu para o individualismo moralista de epicuristas e estóicos, e as artes legaram à posteridade algumas das obras-primas da antigüidade, como a Vênus de Milo, a Vitória de Samotrácia e o grupo do Laoconte. À medida que o cristianismo avançava, a civilização helenística passou a representar o espírito pagão que resistia à nova religião. O espírito grego não desapareceu com a vitória dos valores cristãos; seria, doze séculos depois, uma das linhas de força do Renascimento.