domingo, 15 de maio de 2011

IDADE ANTIGA - EGITO ANTIGO

Uma veia no Saara


As águas do rio Nilo permitiram o surgimento de um extenso e opulento império em meio ao deserto africano.

Os antigos egípcios formaram uma civilização que começou a florescer no fim da Pré-História, às margens do rio Nilo, no desértico nordeste da África, e estendeu-se até o fim da Antiguidade.

A existência da civilização só foi possível em razão das cheias periódicas do rio, que fertilizavam o solo, tornando-o próprio para a agricultura.

Não à toa o historiador grego Heródoto dizia que o "Egito é uma dádiva, um presente do Nilo". A história dos antigos egípcios é dividida em dois grandes períodos: o pré-dinástico e o dinástico.


Evolução Política e Organização Econômica

Nas férteis planícies do Egito e da Mesopotâmia, desenvolveram-se civilizações agrícolas e hidráulicas.

Os povos do Oriente Médio pertenciam a várias origens, havendo dois grupos principais: os arianos ou indo-europeus e os semitas.

A civilização egípcia desenvolveu-se no nordeste da África, numa região caracterizada pela existência de desertos e pela vasta planície banhada pelo Nilo. Nessa região caem abundantes chuvas de junho a setembro, provocando enchentes. Quando voltavam ao normal, as águas deixavam nas terras um limo, ou húmus, muito fértil.

A vida girava em torno do ciclo de cheias e vazantes do Nilo, que os egípcios consideravam um deus: a eles dirigiam preces e cânticos. O rio divide o país em duas partes distintas: o Alto e o Baixo Egito.


Uma das características da civilização egípcia foi seu isolamento, graças à localização do território, cercado de desertos. O isolamento permitiu o desenvolvimento de traços culturais razoavelmente homogêneos.


Período Pré-Dinástico

No início da Antiguidade, a civilização egípcia estava organizada em espécies de clãs denominados nomos, cujos os líderes eram os nomarcas. Por volta de 3500 a.C., os nomos se agruparam formando dois reinos - um ao norte (Baixo Egito) e outro ao sul (Alto Egito).

Antigo Império (3200 - 2200 a.C.)

A história egípcia começa quando as populações que viviam às margens do Nilo tornam-se sedentárias, formando comunidades dedicadas mais à agricultura que à caça ou à pesca.

No IV milênio a.C. tais aglomerados evoluem para pequenas unidades políticas chamadas nomos.

Por volta de 3200 a.C., o faraó Menés (ou Narmer) unificou os dois reinos, antes já citados - Baixo e Alto Egito - com capital em Tínis, daí surgindo o período tinita.

Os sucessores de Menés organizaram uma monarquia poderosa, atribuindo-lhe origem divina. O soberano governava com poder absoluto, auxiliado por altos funcionários que administravam os nomos, agora em número de 42.

Um funcionário era responsável pelo controle das inundações do Nilo e um arquiteto real demonstrava todo poder do rei em sua obras.

Esta foi a fase de maior prosperidade do Antigo Império. Nesse momento foram construídas as famos pirâmides de Gizé, atribuídas aos faraós Queóps, Quéfren e Miquerinos. A nova capital ficava em Mênfis.


Queóps, Quéfren e Miquerinos


Médio Império (200 - 1750 a.C.)

Após uma crise de autoridade, com o crescimento do poder dos monarcas, apoiados pela nobreza, os faraós chegaram novamente ao poder. Permitiram o ingresso de elementos das camadas inferiores no exército, e com isso, submeteram a Palestina, onde descobriram minas de cobre, e a Núbia, onde encontraram ouro. Esses metais fortaleceram demais o Estado egípcio.

Entre 1800 e 1700 a.C. chegam os hebreus, mas são os hicsos que vêm da Ásia, que irão criar as maiores dificuldades. Usam cavalo e carros de guerra, que os egípcios jamais imaginavam existir. Os hicsos dominaram o país e estabeleceram suas moradias no delta do Nilo em 1750 a.C..


Novo Império (1580 - 1085 a.C.)

A expulsão dos Hicsos marca uma nova fase para o Egito, trazendo enorme desenvolvimento militar, a ponto de transformar o Egito em potência imperialista.

Os egípcios tiveram no início alguns faraós como: Amosis I, Tutmés I e Hatshepsut (curta a curiosidade abaixo), regente durante a menoridade de Tutmés III, que estendeu a dominação até o rio Eufrates.


Você Sabia?

Hatshepsut foi a primeira mulher egípcia a atribuir-se poderes de um faraó. Seu reinado durou vinte e dois anos e foi marcado por enorme prosperidade econômica e relativo clima de paz.

Hatshepsut


Templo de Hatshepsut

Notícia interessante foi a que saiu em 2007 sobre essa mulher que assumiu o lugar mais importante na sociedade do Egito antigo, o de faraó. Leiam a notícia e entendam o porquê: http://noticias.uol.com.br/ultnot/cienciaesaude/ultnot/reuters/2007/06/27/ult4296u243.jhtm


No apogeu do Império Egípcio, Amenófis IV, casado com a rainha Nefertiti (lembram do filme a Múmia?), empreendeu uma revolução. Substituiu o deus tradicional Amon-rá por Áton, simbolizado pelo disco solar.

Essa medida não era somente baseada na religião, mas principalmente na política, pois Amenófis queria livrar-se dos sacerdotes. Assim o fez, expulsando-os e construindo um templo em Hermópolis, que passou a se chamar de Aquenatón: supremo sacerdote do novo deus. Podemos então afirmar que durante o seu reinado o Egito, antes politeísta, tornou-se monoteísta por algum tempo em sua história.

Não demorou muito tal modificação feita por Amenófis IV, pois logo após seu governo, veio Tutancáton rastaurando o deus Amon e pondo fim à revolução. Mudou até o próprio nome, passando a se chamar Tutancámon, o faraó menino, como muito chamavam. Acabou morrendo muito cedo, apenas com 19 anos, e em 2010, através de um exame detalhado feito em sua múmia, descobriu-se que a causa foi a malária. O estudo identificou também uma fratura em sua perna, ocorrida dias antes de sua morte. De acordo com os pesquisadores, o faraó menino tinha uma doença que deixava seus osso fragéis e sua saúde bem debilitada.

Durante a descoberta de seu túmulo, houve inúmeras notícias acerca da "maldição do faraó" que seria colocada sobre aquele de pertubasse o sono profundo de Tutancámon. Com filmes e literatura que exploram muito o tema, fica a dúvida de muitos sobre a existência ou não de uma maldição contida nas pirâmides do Egito.


Máscara funerária de Tutancámon



Tomografia de Tutancámon


Reconstituição do rosto
de Tutancámon

Os faraós da dinastia de Ramsés II enfrentaram novos obstáculos, como a invasão dos hititas, vindos da Ásia Menor. Começava o declínio do Império, principalmente com a entrada de inimigos em suas fronteiras. Internamente havia uma enorme rivalidade entre o Faraó e os grandes senhores enriquecidos pela guerra.

No século VII a.C., os assírios invadem o país. Em 525 a.C, o rei persa Cambises bateu o Faraó Psamético III, acabando assim com a independência. Posteriormente, os povos do Nilo foram dominados pelos gregos e, finalmente, cairiam nas mãos dos romanos, em 30 a.C.


Economia e Produção Agrícola

O Egito era um país com características agrícolas, deixando para segundo plano as atividades mercantis.

O Nilo movia a economia, alimentando milhares de pessoas numa enorme área, garantindo também a unidade à civilização egípcia.

Por outro lado exigia bastante esforço e muito trabalho, como a construção de diques e canais de irrigação, além de um poder forte e centralizado.

Funcionários mediam e demarcavam propriedades e impostos eram cobrados de acordo com o tamanho delas. Havia descontos se a colheita fosse prejudicada por enchente excesiva.

As principais culturas eram: de trigo, cevada, legumes, papiro e uvas. Havia pomares e a pesca, a caça e a criação de animais complementavam os trabalhos da terra.


O Sistema Econômico

O Egito tinha um sistema econômico dirigido, pois o Faraó encarregava-se de fornecer alimentos a todos. Os agricultores consideravam a terra como propriedade do Faraó e a si mesmos como funcionários do Estado. Ficavam com uma pequena parte da produção, somente para sua subsistência.

Hierarquia

O dirigismo era uma consequência natural da geografia, pois o Estado tinha que interferir para que se regularizasse o uso das águas do Nilo.

O coletivismo na agricultura estendeu-se aos demais setores da sociedade, sendo um sistema que prejudicava a iniciativa privada, dificultando o progresso técnico. Os humanos eram "usados" em sua capacidade máxima.

Surge dessa forma o Modo de Produção Asiático que tinha como características:
          
         - comunidades caracterizadas pela propriedade coletiva do solo e organizadas sobre as relações de parentesco;
          -  um poder estatal que representava a unidade verdadeira ou aparente dessas comunidades;
          - ausência de propriedade privada do solo;
          - produção com excedente;
          - maior divisão do trabalho;
          - separação entre agricultura e artesanato;
          - uso de moeda limitado;
          - predomínio da economia natural;

O Estado, enquanto coordenava os trabalhos para o aproveitamento dos recursos naturais, tomava posse das terras. O proprietário delas era o Faraó e as comunidades ficavam apenas com a posse e o direito de usufruto.


Hierarquia Social


DIVISÃO SOCIAL EGÍPCIA

O faraó era considerado flho de Amon-Rá, o deus-sol, e encarnação de Hórus, o deus-falcão. Por isso, o governo do Egito antigo é chamado teocrático.

Toda a felicidade para os egípcios dependia do faraó, diante de quem se ajoelhavam em frequentes cerimônias. Sob seu poder estava o exército, distribuindo justiça e organizando as atividades econômicas. Usava dupla coroa, símbolo do Alto e Baixo Egito, e um cetro. Tinha várias mulheres, mas só a primeira podia usar o título de rainha.

Parentes do faraó, altos funcionários do palácio, oficiais do exército, chefes administrativos e sacerdotes formavam a nobreza. Os altos funcionários possuíam extensos domínios e levavam vida luxuosa. Em tempo de guerra, combatiam em carros especiais.

A dignidade sacerdotal era hereditária e os sacerdotes eram membros da mais elevada classe social, administrando os bens oferecidos aos deuses. Recebiam do Estado grandes propriedades. O sacerdote mais importante era o Profeta de Amon. Vários desses sacerdotes tentaram tomar o poder

Os escribas formavam-se nas escolas do palácio e aprendiam a traçar os complicados caracteres da escrita egípcia, os hieróglifos. Graças à sua cultura, transformavam-se em magistrados (juízes), inspetores, fiscais e coletores de impostos. Eram os "olhos e ouvidos do faraó".

Os soldados não eram muito estimados pela população e viviam dos produtos recebidos como pagamento e dos saques realizados durante as conquistas.

A camada inferior da sociedade era composta de camponeses e artesãos. Deles dependia a prosperidade do país e recebiam míseros pagamentos em forma de produtos, moravam em cabanas, vestiam-se de forma simples e comiam pouco.  Tudo que conseguiam poupar, guardavam para o funeral, para garantir uma vida melhor após a morte.

Os escravos eram, em geral, bem tratados.  Mais tolerantes que outros povos da mesma época, os egípcios ofereciam certa segurança a seus escravos, numerosos em tempos de guerra.

Crenças e deuses

A religião egípcia era politeísta, isto é, adoravam vários deuses. E os deuses eram antropozoomórficos, ou seja, apresentavam forma de homem e animal. A dependência das cheias do Rio Nilo explica a grande importância religiosa da natureza.

Estão aqui alguns deuses que eram cultuados pelos egípcios:

                - Rá: o deus Sol;
                - Amon: deus supremo;
                - Ptah: protetor dos artesãos;
                - Thot: deus da ciência e protetor dos escribas;
                - Anúbis: deus-chacal e protetor dos embalsamadores;
                - Maat: deusa da justiça

A arquitetura egípcia também foi influenciada pela religião, sendo construídos enormes templos como o de Karnak, em homenagem a Amon, e o de Luxor, construído durante o governo de Amenófis IV.

Todas as manhãs os sacerdotes faziam o trabalho de purificação e ofereciam alimentos aos deuses. Em alguns momentos, levavam um dos deuses para passear pelo santuário ou para visitar outros deuses, numa embarcação pelo Nilo.

Os sacerdotes eram intermediários entre os deuses e os egípcios, pois "transmitiam" as respostas dos deuses às perguntas dos fiéis.


A Imortalidade

Para os egípcios, a morte apenas separava o corpo da alma. A vida para eles continuava eternamente, desde que a alma encontrasse no túmulo o corpo destinado a servi-lhe de moradia.

Para que ocorresse tal encontro, os egípcios desevolveram a técnica de conservação do corpo, conhecida por eles como mumificação. Consistia em extrair as vísceras (eram colocadas em pequenos potes postos ao lado do corpo mumificado) e imergiam o corpo numa mistura de água e carbonato de sódio, pondo na parte interna do corpo substâncias aromáticas,como mirra e canela, que evitavam a deterioração.

Envolviam o corpo em faixas de pano, sobre as quais passavam uma cola especial para impedir o contato com o ar, e o colocavam num sarcófago, para levá-lo a um túmulo, daí surgindo as famosas múmias, tão mistificadas pelo cinema na atualidade.

Processo de Mumificação


Embalsamando corpo


Segundo os egípcios, após a colocação das faixas o deus Anúbis conduziria o morto até Osíris. Lá seria julgado na presença de 42 deuses. Seu coração posto em uma balança, deveria pesar menos que uma pena. Caso fosse condenado, sua alma seria devorada por uma deusa com cabeça de crocodilo.

Os túmulos variavama de simples covas a imensas pirâmides. Nobres e sacerdotes importantes eram sepultados nas mastabas, contruções com câmaras subterrâneas. Dentro das pirâmides, os faraós tinham lugar reservado numa câmara secreta cheia de armadilhas, para evitar saques às suas riquezas, que eram enterradas juntamente com eles.


Artes e Ciências

As grandes manifestações da arquitetura egípcia foram as pirâmides, os templos, as mastabas (câmaras secretas) e os hipogeus (túmulos subterrâneos cavados nas barrancas do Nilo).


Hipogeus - túmulos subterrâneos


A escultura teve bastante prestígio diante da religião, atingindo seu auge com os sarcófagos, de pedra ou de madeira. Neles os artistas procuravam reproduzir a face do morto, para ajudar a alma a encontrar seu verdadeiro corpo. Chegavam a colocar, nos olhos, pupilas de cristal ou esmalte branco.






A pintura tinha função decorativa e retratava cenas do cotidiano, o que permitia reconstituir o gênero de vida dos egípcios. Desenvolveram a "lei da frontalidade", onde as pernas e a cabeça estão representadas de lado, enquanto os olhos, ombros e peito estão de frente.


matemática foi utilizada na contrução civil, juntamente com a geometria, sendo possível, através do conhecimento da raiz quadrada e das frações, o cálculo da área do círculo e a do trapézio.

A astronomia foi estudada no momento em que se preocupavam com as cheias e vazantes do rio Nilo. Localizaram alguns planetas e constelações e contruíram um relógio de água, dividindo o dia em 24 horas e a hora em minutos, segundos e terços de segundo. A semana era de dez dias e o mês de três semanas, sendo o ano composto de 365 dias, dividido em estações agrárias: Cheia, Inverno e Verão.

Na medicina, como observamos, houve inúmeros avanços, pois até cirurgias eram feitas no crânio, além de conhecerem a circulação do sangue e as infecções dos olhos e dentes.

Na escrita, surgiram as modalidades destinadas a funções e usuários diferentes. Veja abaixo as modalidades, como e por quem eram utilizadas:

       a) Hieroglífica: escrita sagrada dos túmulos e templos, sendo utilizada pelos sacerdotes;

        b) Hierática: mais simples que a hieroglífica, era destinada ao comércio e utilizada pelos escribas;

        c) Demótica: escrita popular, usada nos contratos redigidos pelos escribas.


Escrita egípcia

Na literatura, existiam livros religiosos como o Livro do Mortos e o Texto das Pirâmides, que se inspiravam em temas morais, poéticos e claro, religiosos.

Observemos que a cultura egípcia serviu muito como fonte de inspiração para outras culturas que vieram posteriormente, possuindo como caráter marcante sua originalidade. Até hoje temos o privilégio de conhecer mais profundamente a cultura e a importância que teve a civilização egípcia para a humanidade.



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