quarta-feira, 18 de maio de 2011

PROVAS DO ENEM 2011

Bom dia queridos amigos do Impacto na História!

Notícia importante que saiu ontem, dia 17 de maio de 2011, foi a divulgação das datas do próximo ENEM, previsto para os dias 22 e 23 de outubro. Interessante a ideia de haver duas provas por ano. Confira abaixo a notícia por completo:

Ministério da Educação confirma Enem nos dias 22 e 23 de outubro.




Haverá outra prova em maio de 2012, mas a data ainda não foi divulgada. Em 2010, mais de 4 milhões se inscreveram para participar do exame.

O Ministério da Educação (MEC) confirmou na noite desta terça-feira (17) que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2011 será realizado nos dias 22 e 23 de outubro.

Haverá outra prova em maio de 2012, mas a data deve ser divulgada pelo ministério na manhã desta quarta (18).

Com uma prova marcada para o primeiro semestre de 2012, confirma-se a intenção do MEC em aplicar duas edições do Enem por ano.

Em recente entrevista ao G1, o ministro Fernando Haddad disse que a realização de duas edições "dependeria de muita gente", como os organizadores, gráficas e esquema de segurança envolvidos, e que o processo seria aperfeiçoado para evitar problemas em edições passadas, como o vazamento de provas em 2009 e os erros de impressão em um lote de provas em 2010.  "Eu, sinceramente, acho que o processo de 2010 foi muito melhor que o de 2009. Então, eu entendo que o de 2011 será melhor que o de 2010", disse o ministro.

O MEC deu início em 2009 a um projeto de substituição dos vestibulares tradicionais pelo Enem. A partir do resultado da prova, os alunos se inscrevem no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e podem pleitear vagas em instituições públicas de ensino superior de todo o país. No ano passado, foram ofertadas 83 mil vagas em 83 instituições, sendo 39 universidades federais.

Em 2010, mais de 4 milhões de candidatos se inscreveram para participar do exame. A participação no Enem também é pré-requisito para os estudantes interessados em uma bolsa do Programa Universidade para Todos (ProUni). No total, 59 instituições utilizaram o Enem integral ou parcialmente como forma de acesso dos candidatos no ingresso à universidade.

Fonte: Portal G1 - Vestibular e Educação.

domingo, 15 de maio de 2011

IDADE ANTIGA - EGITO ANTIGO

Uma veia no Saara


As águas do rio Nilo permitiram o surgimento de um extenso e opulento império em meio ao deserto africano.

Os antigos egípcios formaram uma civilização que começou a florescer no fim da Pré-História, às margens do rio Nilo, no desértico nordeste da África, e estendeu-se até o fim da Antiguidade.

A existência da civilização só foi possível em razão das cheias periódicas do rio, que fertilizavam o solo, tornando-o próprio para a agricultura.

Não à toa o historiador grego Heródoto dizia que o "Egito é uma dádiva, um presente do Nilo". A história dos antigos egípcios é dividida em dois grandes períodos: o pré-dinástico e o dinástico.


Evolução Política e Organização Econômica

Nas férteis planícies do Egito e da Mesopotâmia, desenvolveram-se civilizações agrícolas e hidráulicas.

Os povos do Oriente Médio pertenciam a várias origens, havendo dois grupos principais: os arianos ou indo-europeus e os semitas.

A civilização egípcia desenvolveu-se no nordeste da África, numa região caracterizada pela existência de desertos e pela vasta planície banhada pelo Nilo. Nessa região caem abundantes chuvas de junho a setembro, provocando enchentes. Quando voltavam ao normal, as águas deixavam nas terras um limo, ou húmus, muito fértil.

A vida girava em torno do ciclo de cheias e vazantes do Nilo, que os egípcios consideravam um deus: a eles dirigiam preces e cânticos. O rio divide o país em duas partes distintas: o Alto e o Baixo Egito.


Uma das características da civilização egípcia foi seu isolamento, graças à localização do território, cercado de desertos. O isolamento permitiu o desenvolvimento de traços culturais razoavelmente homogêneos.


Período Pré-Dinástico

No início da Antiguidade, a civilização egípcia estava organizada em espécies de clãs denominados nomos, cujos os líderes eram os nomarcas. Por volta de 3500 a.C., os nomos se agruparam formando dois reinos - um ao norte (Baixo Egito) e outro ao sul (Alto Egito).

Antigo Império (3200 - 2200 a.C.)

A história egípcia começa quando as populações que viviam às margens do Nilo tornam-se sedentárias, formando comunidades dedicadas mais à agricultura que à caça ou à pesca.

No IV milênio a.C. tais aglomerados evoluem para pequenas unidades políticas chamadas nomos.

Por volta de 3200 a.C., o faraó Menés (ou Narmer) unificou os dois reinos, antes já citados - Baixo e Alto Egito - com capital em Tínis, daí surgindo o período tinita.

Os sucessores de Menés organizaram uma monarquia poderosa, atribuindo-lhe origem divina. O soberano governava com poder absoluto, auxiliado por altos funcionários que administravam os nomos, agora em número de 42.

Um funcionário era responsável pelo controle das inundações do Nilo e um arquiteto real demonstrava todo poder do rei em sua obras.

Esta foi a fase de maior prosperidade do Antigo Império. Nesse momento foram construídas as famos pirâmides de Gizé, atribuídas aos faraós Queóps, Quéfren e Miquerinos. A nova capital ficava em Mênfis.


Queóps, Quéfren e Miquerinos


Médio Império (200 - 1750 a.C.)

Após uma crise de autoridade, com o crescimento do poder dos monarcas, apoiados pela nobreza, os faraós chegaram novamente ao poder. Permitiram o ingresso de elementos das camadas inferiores no exército, e com isso, submeteram a Palestina, onde descobriram minas de cobre, e a Núbia, onde encontraram ouro. Esses metais fortaleceram demais o Estado egípcio.

Entre 1800 e 1700 a.C. chegam os hebreus, mas são os hicsos que vêm da Ásia, que irão criar as maiores dificuldades. Usam cavalo e carros de guerra, que os egípcios jamais imaginavam existir. Os hicsos dominaram o país e estabeleceram suas moradias no delta do Nilo em 1750 a.C..


Novo Império (1580 - 1085 a.C.)

A expulsão dos Hicsos marca uma nova fase para o Egito, trazendo enorme desenvolvimento militar, a ponto de transformar o Egito em potência imperialista.

Os egípcios tiveram no início alguns faraós como: Amosis I, Tutmés I e Hatshepsut (curta a curiosidade abaixo), regente durante a menoridade de Tutmés III, que estendeu a dominação até o rio Eufrates.


Você Sabia?

Hatshepsut foi a primeira mulher egípcia a atribuir-se poderes de um faraó. Seu reinado durou vinte e dois anos e foi marcado por enorme prosperidade econômica e relativo clima de paz.

Hatshepsut


Templo de Hatshepsut

Notícia interessante foi a que saiu em 2007 sobre essa mulher que assumiu o lugar mais importante na sociedade do Egito antigo, o de faraó. Leiam a notícia e entendam o porquê: http://noticias.uol.com.br/ultnot/cienciaesaude/ultnot/reuters/2007/06/27/ult4296u243.jhtm


No apogeu do Império Egípcio, Amenófis IV, casado com a rainha Nefertiti (lembram do filme a Múmia?), empreendeu uma revolução. Substituiu o deus tradicional Amon-rá por Áton, simbolizado pelo disco solar.

Essa medida não era somente baseada na religião, mas principalmente na política, pois Amenófis queria livrar-se dos sacerdotes. Assim o fez, expulsando-os e construindo um templo em Hermópolis, que passou a se chamar de Aquenatón: supremo sacerdote do novo deus. Podemos então afirmar que durante o seu reinado o Egito, antes politeísta, tornou-se monoteísta por algum tempo em sua história.

Não demorou muito tal modificação feita por Amenófis IV, pois logo após seu governo, veio Tutancáton rastaurando o deus Amon e pondo fim à revolução. Mudou até o próprio nome, passando a se chamar Tutancámon, o faraó menino, como muito chamavam. Acabou morrendo muito cedo, apenas com 19 anos, e em 2010, através de um exame detalhado feito em sua múmia, descobriu-se que a causa foi a malária. O estudo identificou também uma fratura em sua perna, ocorrida dias antes de sua morte. De acordo com os pesquisadores, o faraó menino tinha uma doença que deixava seus osso fragéis e sua saúde bem debilitada.

Durante a descoberta de seu túmulo, houve inúmeras notícias acerca da "maldição do faraó" que seria colocada sobre aquele de pertubasse o sono profundo de Tutancámon. Com filmes e literatura que exploram muito o tema, fica a dúvida de muitos sobre a existência ou não de uma maldição contida nas pirâmides do Egito.


Máscara funerária de Tutancámon



Tomografia de Tutancámon


Reconstituição do rosto
de Tutancámon

Os faraós da dinastia de Ramsés II enfrentaram novos obstáculos, como a invasão dos hititas, vindos da Ásia Menor. Começava o declínio do Império, principalmente com a entrada de inimigos em suas fronteiras. Internamente havia uma enorme rivalidade entre o Faraó e os grandes senhores enriquecidos pela guerra.

No século VII a.C., os assírios invadem o país. Em 525 a.C, o rei persa Cambises bateu o Faraó Psamético III, acabando assim com a independência. Posteriormente, os povos do Nilo foram dominados pelos gregos e, finalmente, cairiam nas mãos dos romanos, em 30 a.C.


Economia e Produção Agrícola

O Egito era um país com características agrícolas, deixando para segundo plano as atividades mercantis.

O Nilo movia a economia, alimentando milhares de pessoas numa enorme área, garantindo também a unidade à civilização egípcia.

Por outro lado exigia bastante esforço e muito trabalho, como a construção de diques e canais de irrigação, além de um poder forte e centralizado.

Funcionários mediam e demarcavam propriedades e impostos eram cobrados de acordo com o tamanho delas. Havia descontos se a colheita fosse prejudicada por enchente excesiva.

As principais culturas eram: de trigo, cevada, legumes, papiro e uvas. Havia pomares e a pesca, a caça e a criação de animais complementavam os trabalhos da terra.


O Sistema Econômico

O Egito tinha um sistema econômico dirigido, pois o Faraó encarregava-se de fornecer alimentos a todos. Os agricultores consideravam a terra como propriedade do Faraó e a si mesmos como funcionários do Estado. Ficavam com uma pequena parte da produção, somente para sua subsistência.

Hierarquia

O dirigismo era uma consequência natural da geografia, pois o Estado tinha que interferir para que se regularizasse o uso das águas do Nilo.

O coletivismo na agricultura estendeu-se aos demais setores da sociedade, sendo um sistema que prejudicava a iniciativa privada, dificultando o progresso técnico. Os humanos eram "usados" em sua capacidade máxima.

Surge dessa forma o Modo de Produção Asiático que tinha como características:
          
         - comunidades caracterizadas pela propriedade coletiva do solo e organizadas sobre as relações de parentesco;
          -  um poder estatal que representava a unidade verdadeira ou aparente dessas comunidades;
          - ausência de propriedade privada do solo;
          - produção com excedente;
          - maior divisão do trabalho;
          - separação entre agricultura e artesanato;
          - uso de moeda limitado;
          - predomínio da economia natural;

O Estado, enquanto coordenava os trabalhos para o aproveitamento dos recursos naturais, tomava posse das terras. O proprietário delas era o Faraó e as comunidades ficavam apenas com a posse e o direito de usufruto.


Hierarquia Social


DIVISÃO SOCIAL EGÍPCIA

O faraó era considerado flho de Amon-Rá, o deus-sol, e encarnação de Hórus, o deus-falcão. Por isso, o governo do Egito antigo é chamado teocrático.

Toda a felicidade para os egípcios dependia do faraó, diante de quem se ajoelhavam em frequentes cerimônias. Sob seu poder estava o exército, distribuindo justiça e organizando as atividades econômicas. Usava dupla coroa, símbolo do Alto e Baixo Egito, e um cetro. Tinha várias mulheres, mas só a primeira podia usar o título de rainha.

Parentes do faraó, altos funcionários do palácio, oficiais do exército, chefes administrativos e sacerdotes formavam a nobreza. Os altos funcionários possuíam extensos domínios e levavam vida luxuosa. Em tempo de guerra, combatiam em carros especiais.

A dignidade sacerdotal era hereditária e os sacerdotes eram membros da mais elevada classe social, administrando os bens oferecidos aos deuses. Recebiam do Estado grandes propriedades. O sacerdote mais importante era o Profeta de Amon. Vários desses sacerdotes tentaram tomar o poder

Os escribas formavam-se nas escolas do palácio e aprendiam a traçar os complicados caracteres da escrita egípcia, os hieróglifos. Graças à sua cultura, transformavam-se em magistrados (juízes), inspetores, fiscais e coletores de impostos. Eram os "olhos e ouvidos do faraó".

Os soldados não eram muito estimados pela população e viviam dos produtos recebidos como pagamento e dos saques realizados durante as conquistas.

A camada inferior da sociedade era composta de camponeses e artesãos. Deles dependia a prosperidade do país e recebiam míseros pagamentos em forma de produtos, moravam em cabanas, vestiam-se de forma simples e comiam pouco.  Tudo que conseguiam poupar, guardavam para o funeral, para garantir uma vida melhor após a morte.

Os escravos eram, em geral, bem tratados.  Mais tolerantes que outros povos da mesma época, os egípcios ofereciam certa segurança a seus escravos, numerosos em tempos de guerra.

Crenças e deuses

A religião egípcia era politeísta, isto é, adoravam vários deuses. E os deuses eram antropozoomórficos, ou seja, apresentavam forma de homem e animal. A dependência das cheias do Rio Nilo explica a grande importância religiosa da natureza.

Estão aqui alguns deuses que eram cultuados pelos egípcios:

                - Rá: o deus Sol;
                - Amon: deus supremo;
                - Ptah: protetor dos artesãos;
                - Thot: deus da ciência e protetor dos escribas;
                - Anúbis: deus-chacal e protetor dos embalsamadores;
                - Maat: deusa da justiça

A arquitetura egípcia também foi influenciada pela religião, sendo construídos enormes templos como o de Karnak, em homenagem a Amon, e o de Luxor, construído durante o governo de Amenófis IV.

Todas as manhãs os sacerdotes faziam o trabalho de purificação e ofereciam alimentos aos deuses. Em alguns momentos, levavam um dos deuses para passear pelo santuário ou para visitar outros deuses, numa embarcação pelo Nilo.

Os sacerdotes eram intermediários entre os deuses e os egípcios, pois "transmitiam" as respostas dos deuses às perguntas dos fiéis.


A Imortalidade

Para os egípcios, a morte apenas separava o corpo da alma. A vida para eles continuava eternamente, desde que a alma encontrasse no túmulo o corpo destinado a servi-lhe de moradia.

Para que ocorresse tal encontro, os egípcios desevolveram a técnica de conservação do corpo, conhecida por eles como mumificação. Consistia em extrair as vísceras (eram colocadas em pequenos potes postos ao lado do corpo mumificado) e imergiam o corpo numa mistura de água e carbonato de sódio, pondo na parte interna do corpo substâncias aromáticas,como mirra e canela, que evitavam a deterioração.

Envolviam o corpo em faixas de pano, sobre as quais passavam uma cola especial para impedir o contato com o ar, e o colocavam num sarcófago, para levá-lo a um túmulo, daí surgindo as famosas múmias, tão mistificadas pelo cinema na atualidade.

Processo de Mumificação


Embalsamando corpo


Segundo os egípcios, após a colocação das faixas o deus Anúbis conduziria o morto até Osíris. Lá seria julgado na presença de 42 deuses. Seu coração posto em uma balança, deveria pesar menos que uma pena. Caso fosse condenado, sua alma seria devorada por uma deusa com cabeça de crocodilo.

Os túmulos variavama de simples covas a imensas pirâmides. Nobres e sacerdotes importantes eram sepultados nas mastabas, contruções com câmaras subterrâneas. Dentro das pirâmides, os faraós tinham lugar reservado numa câmara secreta cheia de armadilhas, para evitar saques às suas riquezas, que eram enterradas juntamente com eles.


Artes e Ciências

As grandes manifestações da arquitetura egípcia foram as pirâmides, os templos, as mastabas (câmaras secretas) e os hipogeus (túmulos subterrâneos cavados nas barrancas do Nilo).


Hipogeus - túmulos subterrâneos


A escultura teve bastante prestígio diante da religião, atingindo seu auge com os sarcófagos, de pedra ou de madeira. Neles os artistas procuravam reproduzir a face do morto, para ajudar a alma a encontrar seu verdadeiro corpo. Chegavam a colocar, nos olhos, pupilas de cristal ou esmalte branco.






A pintura tinha função decorativa e retratava cenas do cotidiano, o que permitia reconstituir o gênero de vida dos egípcios. Desenvolveram a "lei da frontalidade", onde as pernas e a cabeça estão representadas de lado, enquanto os olhos, ombros e peito estão de frente.


matemática foi utilizada na contrução civil, juntamente com a geometria, sendo possível, através do conhecimento da raiz quadrada e das frações, o cálculo da área do círculo e a do trapézio.

A astronomia foi estudada no momento em que se preocupavam com as cheias e vazantes do rio Nilo. Localizaram alguns planetas e constelações e contruíram um relógio de água, dividindo o dia em 24 horas e a hora em minutos, segundos e terços de segundo. A semana era de dez dias e o mês de três semanas, sendo o ano composto de 365 dias, dividido em estações agrárias: Cheia, Inverno e Verão.

Na medicina, como observamos, houve inúmeros avanços, pois até cirurgias eram feitas no crânio, além de conhecerem a circulação do sangue e as infecções dos olhos e dentes.

Na escrita, surgiram as modalidades destinadas a funções e usuários diferentes. Veja abaixo as modalidades, como e por quem eram utilizadas:

       a) Hieroglífica: escrita sagrada dos túmulos e templos, sendo utilizada pelos sacerdotes;

        b) Hierática: mais simples que a hieroglífica, era destinada ao comércio e utilizada pelos escribas;

        c) Demótica: escrita popular, usada nos contratos redigidos pelos escribas.


Escrita egípcia

Na literatura, existiam livros religiosos como o Livro do Mortos e o Texto das Pirâmides, que se inspiravam em temas morais, poéticos e claro, religiosos.

Observemos que a cultura egípcia serviu muito como fonte de inspiração para outras culturas que vieram posteriormente, possuindo como caráter marcante sua originalidade. Até hoje temos o privilégio de conhecer mais profundamente a cultura e a importância que teve a civilização egípcia para a humanidade.



sexta-feira, 22 de abril de 2011

BRASIL COLÔNIA

Bom dia amigos do Impacto na História!

Hoje dia 22 de abril, para nossa historiografia oficial é um dia especial, pois representa o "Descobrimento do Brasil" pelos portugueses liderados por Pedro Alvares Cabral, que nessa data chegou juntamente com sua esquadra ao litoral da Bahia no ano de 1500.

Para os historiadores mais atuais e diante de várias pesquisas, trata-se mais de uma tomada de posse do que de um descobrimento em si, pois a existência do território - dividido seis anos antes entre portugueses e espanhóis pelo Tratado de Tordesilhas - já era sabida por Portugal.

Vamos analisar primeiramente o período das grandes navegações portuguesas que levaram à busca por novas terras além-mar e depois como foram os anos seguintes ao "descobrimento" do Brasil em 1500.

Espero que se divirtam bastante!! Boa semana santa a todos!!!

  
EXPANSÃO MARÍTIMA PORTUGUESA

"Navegar é preciso, viver não é preciso!"

Após a unificação como monarquia nacional em 1835, quando João I venceu a disputa com o reino de Castela e assumiu o trono do país na Revolução de Avis, Portugal foi a primeira nação europeia a lançar-se ao Oceano Atlântico.

Além do seu governo forte, outros fatores explicavam o pioneirismo português, como: a posição geográfica favorável, a situação de paz interna (ao contrário de França e Inglaterra, envolvidas na Guerra dos Cem Anos), a determinação de disseminar a fé cristã e a avançada tecnologia náutica, cujos estudos - que resultaram na invenção da caravela - se concentravam na célebre Escola de Sagres

A conquista de Ceuta, na costa do Marrocos, marcou o início da expansão ultramarina  portuguesa, em 1415 (observe no mapa abaixo). O segundo passo foi dado pelo grande navegador Bartolomeu Dias, em 1488, contornou o cabo da Boa Esperança (batizado de Cabo das Tormentas).


Rotas europeias de navegação


Navegações Portuguesas

Cabo da Boa Esperança ou das Tormentas


Dez anos depois, Vasco da Gama chegou à Índia. Em 1500, a expedição de Pedro Álvares Cabral aportou no Brasil.

Os portugueses estabeleceram diversos pontos de comércio nos locais em que paravam. Com isso, puderam criar seu império marítimo-comercial, que, a princípio, só tinha objetivos de exploração, não de povoamento.

Você Sabia?


Bartolomeu Dias foi responsável por algumas das primeiras viagens à África, sendo encarregado de encontrar o limite sul do continente. Em 1488, atingido por tormentas, foi o primeiro a contornar, sem perceber, o Cabo da Boa Esperança.






Vasco da Gama estabeleceu o domínio português na África Oriental e chegou a Calicute, na Índia, em 1498, concluindo o périplo africano (contorno ao continente africano), sendo sua viagem imortalizada na ilustre obra Os Lusíadas, de Luís de Camões, grandioso poeta português.



Pedro Álvares Cabral em 1500, a caminho das Índias, desviou-se do trajeto, segundo a historiografia oficial positivista devido às enormes tormentas que o levaram a "descobrir" o território brasileiro por "coincidência". Para a maioria dos historiadores seu desvio da rota foi de propósito, para que pudesse tomar posse da terra em nome de Portugal, sendo posteriormente aclamado como herói em sua terra natal, Lisboa.



POLÍTICA COLONIAL

Repleto de riquezas, mas extenso e distante, o Brasil era um desafio administrativo para os portugueses. Veja como eles tentaram resolver o problema.

Com o objetivo de tomar posse, explorar e defender o território brasileiro, Portugal deu início, no século XVI, à montagem da administração colonial. Primeiramente dividiu o território em Capitanias Hereditárias; mais tarde, aprimorou o sistema, criando o Governo Geral.

Capitanias Hereditárias

Sem recursos financeiros nem humanos para empreender uma ocupação em grande escala na colônia, o rei de Portugal João III decidiu, em 1534, dividir o território brasileiro em 15 faixas de terras concedidas aos Donatários, nobres ou burgueses que se comprometiam a arcar com os gastos internos, repassando grande parte dos rendimentos à Coroa portuguesa.


Capitanias com seus respectivos Donatários


Toda regulamentação era realizada por meio de dois documentos: a Carta de Doação e o Foral, que respectivamente, tratavam da cessão das terras e dos direitos e deveres dos donatários e da Coroa.

Carta de doação da Capitania de Pernambuco
a Duarte Coelho (página inicial)


O donatário devia aplicar a Justiça, podia doar sesmarias, pequenos lotes de terras (fazendas) administradas pelos sesmeiros, e cobrar impostos relativos à agricultura e à exploração dos rios.

A Coroa tributava a exploração do pau-brasil, das especiarias e dos metais preciosos.

No entanto, o sistema de capitanias não prosperou por causa do isolamento, dos ataques de índios e da falta de investimento. Das 15 capitanias, somente duas conseguiram prosperar, sendo elas a de Pernambuco e a de São Vicente. A primeira foi favorecida pelo sucesso na produção açucareira e a segunda pelo desenvovimento de uma significativa economia de subsistência. As demais acabaram falindo ou sequer foram ocupadas por seus donatários.


Governo Geral


Diante do fracasso das capitanias hereditárias e o aumento das investidas estrangeiras na colônia, Portugal resolveu impor-se mais fortemente para assumir o controle efetivo da administração no Brasil. Começaram a perceber que deixar a responsabilidade nas mãos de outros não era bom negócio para a Coroa.

Em 1548, surgia o Governo-Geral, com sede na capitania da Bahia e capital na cidade de Salvador.

O novo sistema administrativo da colônia trazia como chefe o governador-geral, que cordenava a defesa, a cobrança de impostos e incentivava a economia. Tinha como assessores o provedor-mor (tesoureiro), o ouvidor-mor (juiz) e o capitão-mor (encarregado da defesa).

Mesmo sendo estabelecido após as capitanias hereditárias, o governo-geral não as substituiu. A ideia era impor uma centralização política na colônia, o que funcionou na esfera militar, mas não se refletiu no dia a dia, em razão da falta de infraestrutura de transporte e comunicação. Boa parte do poder, de fato, era exercida pelas Câmaras Municipais de cada vila. Surgem os chamados "homens bons", espécies de vereadores, integrantes da elite colonial da época e líderes das Câmaras.

Entre os principais governadores-gerais estão Tomé de Souza e Mem de Sá. Após a morte deste último, em 1572, Portugal dividiu o território colonial nos governos do Norte e do Sul. Seis anos depois voltou atrás e reunificou a colônia.

Em 1621, porém, a divisão foi retomada, sendo criados o Estado do Brasil, com capital em Salvador, e o Estado do Maranhão, com capital em São Luís. Este último, em 1751, passaria a se chamar Estado do Grão-Pará e Maranhão, com sede em Belém.


quarta-feira, 20 de abril de 2011

BRASIL - REBELIÕES SEPARATISTAS 1

1. CONTEXTO HISTÓRICO

Potência hegemônica na Europa, a Inglaterra era a vanguarda das transformações industriais e ditava as novas regras em nome da liberdade de comércio. Ao mesmo tempo, os Estados Ibéricos ressentiam-se de suas manufaturas medíocres, incapazes de concorrer com a produção britânica.

Por meio de guerras, contrabando e acordos diplomáticos, a Inglaterra conseguia ampliar seu comércio com outras metrópoles e respectivas colônias, submetendo-as a uma dependência estrutural, ou seja, reservando-lhes o papel de fornecedores de gêneros agrícolas e matérias-primas, e de consumidoras de produtos industriais.

Dessa forma, as bases do sistema colonial português no Brasil foi sofrendo enorme desgaste, sendo gradativamente contestado até se romperem definitivamente no início do século XIX.

No caso do Brasil, as rebeliões separatistas foram as primeiras a revelar claramente a intenção dos participantes em lutar pela emancipação (independência) do Brasil em relação a Portugal e mostraram-se possuidoras de alguma consciência nacional, além de certa organização política e militar.

Inconfidência Mineira, Conjuração do Rio de Janeiro, Conjuração Baiana e a Insurreição Pernambucana não se limitaram a contestar apenas os aspectos da dominação colonial (impostos, abusos), mas questionavam o próprio Pacto Colonial, a Dependência e a Sujeição da colônia à metrópole.

Inicialmente vamos conhecer um pouco da Inconfidência Mineira, até porque hoje, dia 21 de abril, é Feriado de Tiradentes, este que é um dos personagens mais conhecidos da revolta separatista que ocorreu em Minas Gerais e que posteriormente na República, tornou-se o nosso herói, martir da Inconfidência Mineira.


2. INCONFIDÊNCIA MINEIRA (1789)


Julgamento de Tiradentes


Muito mais que uma luta entre o bem e o mal, a Inconfidência Mineira foi a primeira tentativa de rompimento dos laços com a Metrópole Portuguesa. Já bastante enriquecidos com as atividades mineradoras do início do século XVIII, os habitantes de Minas Gerais viam-se agora às voltas com a queda brusca da extração de ouro e pedras preciosas (diamante), e as constantes ameaças de cobrança de tributos atrasados.

Para o governo português, era urgente a recomposição das finanças imperiais, abaladas na segunda metade do século XVIII.

Estava difícil para os colonos conseguir pagar as cem arrobas anuais de ouro (1500 Kg), valor estipulado pela Coroa Portuguesa como tributo da capitania de Minas Gerais. As dívidas aumentavam nas mesma proporção das ameaças, sendo inevitável o confronto.

Com o Iluminismo despontando na Europa e os filhos da aristocracia local de Minas indo estudar em universidades europeias, principalmente em Coimbra, vários tiveram contato com as ideias ilustradas (iluministas) e liberais. Muitos ao retornarem, trouxeram para a colônia informações acerca da recém-criada República norte-americana, abrindo os olhos dos colonos mineiros.

Com a nomeação de Luís Antônio Furtado de Mendonça, visconde de Barbacena, para o governo de Minas Gerais em 1788, a coroa exigiu dele o estabelecimento da Derrama: a cobrança das cem arrobas  anuais de ouro(1500 kg) devidas à Metropóle, que recairia sobre todos os habitantes da capitania.

Tais notícias chegaram à população da capitania, acirrando os ânimos e aprofundando a insatisfação. Grande parte dos devedores da Metrópole era composta pela elite econômica e intelectual da sociedade mineira.

Aproveitando-se do clima gerado, muitos proprietários de terras e de minas, letrados e membros da administração envolveram-se numa conspiração que pretendia assassinar o governador da capitania e tornar Minas Gerais uma república independente. Além disso, tinham como objetivos a construção de uma universidade em Vila Rica (atual Ouro Preto) para desenvolver manufaturas, o que era probido pela Metrópole, libertar os escravos que nasceram no Brasil, perdoar as dívidas atrasadas, transferir a capital Vila Rica para São João Del Rey e criar uma Guarda Nacional composta de cidadãos.

Os planos foram elaborados em uma reunião, em Dezembro de 1788, na casa de Francisco de Paula Freire de Andrade, comandante militar da capitania. O início da rebelião foi marcado para fevereiro de 1789, quando imaginavam ser feita a cobrança da Derrama.

Diante da insatisfação da população, o governador suspendeu a Derrama, que foi oficialmente comunicada em 14 de março de 1789. Foi um alívio para os mineiros, que puderam escapar da pesada tributação. Mesmo assim havia alguns que deviam o pagamento do tributo, como os contratadores, homens que compravam da Coroa o direito de cobrar os impostos (o dízimo da Igreja e tributos de importação) por determinado tempo.

Entre esses estava Joaquim Silvério dos Reis, que ao saber do adiamento da Derrama, procurou uma outra forma de aliviar seus débitos com a Coroa, denunciando seus companheiros no dia 15 de março de 1789.


3. A DEVASSA

O Visconde de Barbacena comunicou os fatos ao vice-rei, Luís de Vasconcelos e Sousa, no Rio de Janeiro, que instituiu uma Devassa, espécie de processo, para apurá-los.

Imediatamente foi preso um dos conspiradores, Joaquim José da Silva Xavier, conhecido como Tiradentes, que além de alferes, primeira patente de um militar, era uma espécie de dentista da região. Era um dos maiores propagandistas do movimento, mesmo não sendo integrante da elite colonial.

Outros foram presos e para conseguirem a liberdade denunciaram outros companheiros, como Claudio Manoel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga, ilustres poetas do Arcadismo brasileiro, , de sólida formação cultura, bem informados sobre a Filosofia das Luzes, ricos, possuidores de boas bibliotecas. Seriam eles que deveriam elaborar as leis e a Constituição do novo Estado.

Em 1790, Tiradentes resolveu assumir sozinho a iniciativa da rebelião, apresentando-se como único líder do movimento. Evidentemente não era verdade. Para a Metrópole, interessava caracterizar o movimento como insignificante, chefiada por um simples alferes inculto.

Encontrava-se aí um excelente "bode expiatório" para a aristocracia mineira, que retirava dos poderosos a responsabilidade da conspiração.

A rainha de Portugal, D. Maria I, conhecida como Maria, a Louca, condenou Tiradentes à morte por enforcamento, sendo seu corpo posteriormente esquartejado e exposto em praças públicas  de diversas cidades mineiras como forma de intimidação às possíveis revoltas.

Os "loucos desejos de uma sonhada liberdade", porém, continuaram existindo e eclodiram em três outros movimentos: as conjurações do Rio de Janeiro e da Bahia, no século XVIII, e a Revolta de Suassuna, em Pernambuco, ao raiar o século XIX.

Dia 15 de abril de 2011 trouxe uma notícia histórica interessante referente à Inconfidência Mineira. Observe:

Unicamp identifica ossadas de três inconfidentes mineiros

- Após dez anos de estudos, foram identificadas ossadas de três inconfidentes mineiros mortos há cerca de 200 anos. José de Resende Costa, Domingos Vidal Barbosa e João Dias Mota, ganharão lugar no Panteão do Museu da Inconfidência Mineira, em Ouro Preto (MG), onde irão se juntar aos restos mortais de 13 inconfidentes.

- A cerimônia de sepultamento está marcada para o dia 21 de abril, Dia de Tiradentes, e contará com a presença da presidenta, Dilma Rousseff, da ministra da Cultura, Ana de Hollanda, do presidente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), José do Nascimento Júnior, além do governador de Minas Gerais, Antônio Anastasia, e do diretor do museu, Rui Mourão.


Pesquisador da Unicamp - ossadas de Inconfidentes


Doutor Eduardo Darude

4. O MITO TIRADENTES

Hoje, dia 21 e abril, é feriado de Tiradentes aqui no Brasil. Sendo um amante da História e educador não poderia deixar de abordar tema tão importante, mas de uma maneira diferente...

Vou apresentar a vocês algumas curiosidades sobre esse homem que se tornou herói nacional, mesmo após ter sido morto enforcado durante o a revolta separatista da Inconfidência Mineira como traidor da Coroa Portuguesa.


No dia 21 de abril de 1792 um homem anda em direção a um cadafalso, estrutura usada para execução, possuindo a semelhança de Jesus Cristo, o Salvador. Era Joaquim José da Silva Xavier, que beija os pés e perdoa o seu carrasco, recebe a alva (vestes brancas) e sente pesar em suas mãos um crucifixo... Generoso, arrependido e castigado, recebe a pena imposta como a forma única de ter perdoado os seus pecados. Caminha para a forca e quando o dia amanhece, estão abertas as portas para a sua eternidade.

Com a proximidade da Semana Santa, você deve se perguntar, como pode haver tantas coincidências? Teria o povo brasileiro presenciado a Paixão de Cristo milênios mais tarde, em pleno território nacional? Com tudo que tem direito: Judas, 12 apóstolos e ressurreição?

Diante da narrativa positivista oficial de alguns livros escolares, a resposta seria sim, só que dessa vez o personagem em destaque seria o grande líder da Inconfidência Mineira: Tiradentes.

Toda a narrativa apresentada foi inicialmente planejada pelos Franciscanos, que foram responsáveis pelos depoimentos dos enforcados. Colocaram Tiradentes como mártir, homem que entregou a sua vida pelos outros inconfidentes. e que aceitou a morte como pena pelos seus enormes pecados cometidos.

Posteriormente, veio a República e com ela vieram os construtores do nosso "Cristo Humanizado", perfeito herói nacional. Acertaram em cheio, pois com a visão religiosa, transmitida através de pinturas e ilustrações devidamente encomendadas, o alferes caiu no gosto do povo brasileiro e jamais deixou o imaginário político e social do brasileiro.

Assim como o herói nacional, o mito da origem moderna sobrevive no tempo e espelha a ideia de liberdade nacional. A Historiografia da Inconfidência Mineira e o jogo político e ideológico cumprem com suas funções de expandir a imagem religiosa, com boas doses de ilusão no consciente coletivo. E a cena cristã brasileira acalenta à sua maneira o virtuoso Tiradentes.

CURIOSIDADES SOBRE TIRADENTES

- As pinturas de Tiradentes mostradas no artigo foram feitas, respectivamente, por Décio Villares, Pedro Américo e Cândido Portinari.

Percebam que todos eles representam Tiradentes como Cristo, apesar do rosto verdadeiro nunca ter sido realmente conhecido. Todas demonstram a influência da religiosidade sobre a imagem do mártir da Inconfidência.

- Em 1870, o movimento republicano o elegeu como mártir cívico-religioso e antimonarquista. A data de sua morte tornou-se feriado nacional em 1890. A primeira pintura oficial também data deste ano, de autoria de Décio Villares, que apresenta Tiradentes como Cristo, com barbas e cabelos longos.

 







- Na verdade, segundo relatos da época, Tiradentes era alto, magro e muito feio. Ele nunca usou barba e cabelos longos. Como militar, o máximo que se permitia era um discreto bigode. Ele foi enforcado no Rio de Janeiro, com a barba feita e o cabelo raspado, no dia 21 de abril de 1792. Abaixo uma imagem que poderia ser bem próxima da realidade:


- Matéria publicada no site Folha Online mostra que, apesar de Joaquim José da Silva Xavier – o Tirantes – ter morrido há 219 anos até hoje alguns de seus descendentes recebem pensão do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). A “Bolsa Tiradentes” é invenção da ditadura militar e já foi paga a mais sete parentes do mártir da Inconfidência, enforcado há 219 anos.

O benefício foi concedido pela primeira vez em 1969, quando o regime julgou ter encontrado os “últimos três trinetos” do alferes Joaquim José da Silva Xavier. Depois disso, outros quatro descendentes comprovaram o mesmo grau de parentesco e conseguiram receber a pensão, mesmo sem ter contribuído para o INSS.

- Cecília Meireles, grande escritora brasileira, em Romanceiro da Inconfidência, traz uma coletânea de poemas que conta a história de Minas do início da colonização até a Inconfidência Mineira na então capitania de Minas Gerais.

Veja um trecho da obra:

   " Atrás de portas fechadas,
à luz de velas acesas,
entre sigilo e espionagem,
acontece a Inconfidência.
E diz o Vigário ao Poeta:
"Escreva-me aquela letra
do versinho de Vergílio...
E dá-lhe o papel e a pena.
E diz o Poeta ao Vigário,
com dramática prudência:
"Tenha meus dedos cortados,
antes que tal verso escrevam...
LIBERDADE, AINDA QUE TARDE,
ouve-se em redor da mesa.

Através do poema, verifica-se no trecho grifado pelo Impacto na História que o lema da Inconfidência está estampada, em latim, na bandeira de Minas Gerais.




- Como não poderia deixar de indicar um bom filme para que vocês possam entender melhor o contexto histórico, deixo aqui a indicação de um filme de Oswaldo Caldeira, TIRADENTES, que traz um visão bem irreverente  e intrigante sobre os inconfidentes e claro, com enorme respaldo em pesquisas recentes, que foram comentadas aqui com todos vocês. Humberto Martins vem como Tiradentes e vários atores de prestígio, a exemplo de Paulo Autran, complementam a história. Mesmo sendo produzido em 1999, vocês já podem conferir em DVD esse excelente filme brasileiro.




Observa-se que tanto a Inconfidência quanto Tiradentes trazem enormes questionamentos que muitas vezes foram "engavetados" por descrições, depoimentos e uma historiografia oficial altamente positivista, que se preocupou somente com "nomes", "datas" e´"símbolos".

Espero que de agora em diante vocês possam entender o porquê do dia 21 de abril ter sido instituído como feriado de Tiradentes e de que forma se estabeleceu o mito do Herói Brasileiro republicano.

Um abraço e um excelente feriado para todos!!!

Até o próximo post com muito mais novidades!!! Impacto na História fazendo o estudo da História ficar bem mais divertido e interessante.

domingo, 17 de abril de 2011

IDADE ANTIGA

MESOPOTÂMIA - A vida entre dois rios

A geografia privilegiada do atual Iraque favoreceu o aparecimento das primeiras cidades-Estado do mundo


A Mesopotâmia (do grego "entre rios") é a região localizada entre os rios Tigre e Eufrates - território que se situa no atual Iraque -, onde surgiram as primeiras cidades-Estado do mundo. Ela faz parte do Crescente Fértil, área na qual brotou grande parte das civilizações antigas que se estende até o Egito.


MESOPOTÂMIA

Todo ano, quando a neve das montanhas da Armênia derretia, o Tigre e o Eufrates inundavam as planícies próximas às suas margens, cobrindo-as com uma camada de lama extremamente fértil. Isso atraiu vários povos para a região durante toda a Antiguidade.


SUMÉRIOS

Os primeiros habitantes da Mesopotâmia foram os Sumérios, lá instalados pelos menos desde 4000 a.C. Durante esse período, inventaram seu maior legado histórico: a escrita cuneiforme, feita com talhes em placas de argila, que servia para controlar a produção agrícola.


Escrita Cuneiforme

Evolução da Escrita Cuneiforme


Simbologia da Escrita Cuneiforme

Além da escrita cuneiforme, os sumérios se destacaram no desenvolvimento da arquitetura, com a construção dos Zigurates, enormes templos para os seus deuses.

As cidades-estados sumerianas, tradicionalmente, eram cidades-templos. Isto porque os sumérios acreditavam que os deuses haviam fundado as cidades para que fossem centros de cultos. Mais tarde, segundo a religião, os deuses limitavam-se a comunicar os soberanos as plantas das cidades e dos santuários. A ligação dos patésis aos ritos da cidade era extremamente íntima.

Os templos estavam ligados ao poder estatal e suas riquezas eram usufruídas pelos soberanos, chefe político e religioso ao mesmo tempo. "Vigário" da divindade, intermediário entre deus-rei e a humanidade. Essa era a figura do Patesi.


Zigurate


Os sumérios dominaram os semitas (povos nômades), e fundaram cidades como Kish e Ur. Por volta de 3200 a.C, já eram organizados em uma civilização.

Cada cidade já tinha governo próprio, centralizado na figura dos Patesi - reis que concentravam o poder militar, político e religioso. Havia também a aristocracia burocrática que cuidava dos interesses do rei, dos bens da casa real, do tesouro público, que recebe os impostos e etc.
 

Verificamos assim, que as famosas cidades-Estado não surgiram inicialmente na Grécia, como alguns podem questionar-se, mas com os povos antigos da Mesopotâmia.


IMPÉRIO BABILÔNICO

Por volta de 2000 a.C, uma nova invasão semita de origem à cidade da Babilônia, que se tornou importante centro político. Sob a liderança do rei Hamurabi, entre 1792 e 1750 a.C, a Mesopotâmia foi outra vez unificada, e teve início o I Império Babilônico.

Hamurabi elaborou o primeiro Código Jurídico completo com 282 leis - entre elas a severa Lei de Talião ("olho por olho, dente por dente"). O Império Babilônico, também conhecido como Amorita, durou até o século XVI a.C, quando tombou após as invasões do Hititas - nômades vindos do Cáucaso.

   

Monolito com o Código
de Hamurabi


Temos abaixo algumas das Leis de Talião que compuseram esse que foi um dos primeiros Códigos de Leis da Humanidade, o Código de Hamurabi:

- Se alguém acusa um outro, lhe imputa um sortilégio (crime), mas não pode dar a prova disso, aquele que acusou, deverá ser morto.
21º - Se alguém faz um buraco em uma casa, deverá diante daquele buraco ser morto e sepultado.

22º - Se alguém comete roubo e é preso, ele é morto.
127º - Se alguém difama uma mulher consagrada ou a mulher de um homem livre e não pode provar se deverá arrastar esse homem perante o juiz e tosquiar-lhe a fronte.

196º - Se alguém arranca o olho a um outro, se lhe deverá arrancar o olho.

200º - Se alguém parte os dentes de um outro, de igual condição, deverá ter partidos os seus dentes.

Desses dois artigos é que surgiu o provérbio mais conhecido acerca da Lei de Talião: "olho por olho, dente por dente".


ASSÍRIOS

No século IX a.C, outro povo começou a despontar como potência: os Assírios. Originários do norte do rio Tigre, conseguiram um vasto império, cujo auge foi entre os séculos VIII e VII a.C., nos reinados de Sargão II, Senaqueribe e Assurbanípal, aquele que construiu a famosa biblioteca da cidade de Nínive.



Império Assírio


Assírios em batalha


Guerreiros Assírios


Os assírios ficaram conhecidos pelo Exército poderoso e cruel, impondo violentos castigos aos povos conquistados como a empalação e a crucificação dos inimigos derrotados. Destaque para a utilização de carros de guerra puxados por cavalo, além do uso de arcos e flechas bem ornamentados para os conflitos.


II IMPÉRIO BABILÔNICO

Abalado por revoltas internas e invasões, o Império Assírio tombou em 612 a.C., diante de uma aliança entre medos (vindos das margens do Mar Cáspio) e caldeus (vindos do Sul da Mesopotâmia).

Sob o domínio dos caldeus, a Babilônia voltou a ser a capital da Mesopotâmia, o que deu origem ao II Império Babilônico.


Império Babilônico - Nabucodonosor


O apogeu ocorreu no governo de Nabucodonosor II (604 - 562 a.C.), que expandiu o território até a Palestina, escravizando o povo local, os Hebreus, no evento conhecido, até biblicamente diga-se de passagem, como o "Cativeiro da Babilônia".


Ruínas da Babilônia


Nabucodonosor também construiu a Torre de Babel e os Jardins Suspensos da Babilônia.


Ilustração - Jardins Suspensos da Babilônia


Ilustração - Torre de babel


Em 539 a.C., a Babilônia foi conquistada pelos persas, tornando-se uma de suas províncias. Encerrava-se dessa forma a era de autonomia da Mesopotâmia.

Contente por mais um tema muito importante ter sido abordado pelo Impacto na História, pois estão nesses povos as nossas origens... Por mais que venhamos evoluir em busca de mais e mais tecnologias, novos conceitos, uma sociedade cada vez mais robotizada, jamais devemos esquecer que foram os povos orientais que deram os primeiros passos para que estivéssemos aqui hoje.

Seus questionamentos nos trouxeram a arquitetura, a escrita, apesar de não deixar de mencionar que no período histórico anterior, denominado Pré-história, já se buscava soluções para os problemas que chegavam ao homem.

Entender as suas formas de organização, de religião e sua espetacular evolução nos faz cadavez mais agradecidos pela ânsia de conhecimento que o homem possui, desde os primórdios de nossa História.

Um abraço do Prof. Joka e boa semana!
Abaixo de toda essa pirâmide, vinha a população e seus diversos afazeres, fazendeiros, barqueiros, pescadores, criadores, negociantes, artesãos, enfim.

E para finalizar, havia escravidão. Esses escravos eram inimigos capturados, ou formas de pagamento de dívidas. Esses escravos porém, tinham alguns privilégios, como liberdade para se casar, por exemplo.